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O Beco da Liberdade (contracapa)

Há cinquenta anos, numa pacata vila do norte-interior, foi cometido um estranho homicídio. A pena aplicada ao réu, pela sua brandura, deixou a pairar a dúvida quanto às verdadeiras razões que a terão determinado. Cinquenta anos volvidos, o mesmo juiz, Guilherme Augusto Marreiro Lessa, agora viúvo e reformado, vai responder acusado de um outro crime.

Nos dias que antecedem o julgamento, Guilherme Augusto recebe em sua casa Floriano Antunes, que se deslocara propositadamente para o entrevistar. É o jornalista que, enquanto muito jovem, acompanhara e escrevera toda a história do homicídio, vendo o seu artigo então cortado pela censura. Acredita, ele, saber tudo sobre os antigos factos e intervenientes: a causa da morte, o suspeitado envolvimento amoroso do juiz, a teia de personagens, como Maria Cacilda, viúva da vítima e senhora de poderes divinatórios; Joaquim Quitério, o tolo da aldeia; o sub-inspector Gervásio Ventura, da Polícia Judiciária, e o agente Jacinto Correia; Hildebrando Moreira de Castro, notário na reforma e decano no reviralho; a menina Julinha, fiel representante do diálogo de sombras entre as públicas virtudes e os vícios privados; e Narcisa, a misteriosa e fiel governanta da família Marreiro Lessa.

Porém, o encontro dos dois homens e a conversa que mantêm ao longo de dias revelarão contornos bem diversos, trama e personagens bem mais complexas, que os levarão ao mais profundo da condição humana, ao confronto de sempre entre o bem e o mal, a liberdade e a ética, a consciência e Deus.

O inesperado, entretanto, não vai ficar por aí, e o dia do julgamento reserva a derradeira das surpresas.